Preliminarmente
esclareço que esta postagem é uma visão pessoal não sendo de forma alguma uma
verdade absoluta (se é que existe algo nesse nível no universo marcial).
Sempre
que me questionam ou vejo alguém professar que a sua arte marcial é a melhor e
mais eficiente dou um sobressalto. Escuto na maioria das vezes as mesmas
argumentações, sendo a mais clássica “utilizamos a força do oponente contra ele
mesmo” dentre outras argumentações como os feitos dos seus predecessores. Não se trata de uma inverdade, porém tais princípios não são restritos a uma única prática marcial. É natural que o praticante ou instrutor acabe puxando a “sardinha”
para o seu lado. A primeira vista vemos algo verossímil, mas até que ponto isso
é verdadeiro e necessário?
No quesito
eficiência vemos basicamente as mesmas narrativas de façanhas de praticantes
que venceram “todos” os oponentes que os desafiaram. Em alguns casos
registrados por algum mecanismo da época (documental e/ou vídeos). Isso em
casos mais graves demonstram, na minha opinião, a soberba velada que não deixa
de ser um paradoxo se entendermos que a humildade é um dos fatores inseridos na
formação marcial do praticante.
Seguindo
essa linha temos como ponto negativo as críticas deturpadas e destinadas as
outras práticas marciais como sendo ineficientes ou até mesmo falsas, o que em
alguns casos não são totalmente inverdades. Porém devemos ter acuidade de não
misturar o praticante/instrutor/professor/mestre com a prática marcial em si,
pois lembre-se que existem charlatões e indivíduos sérios nesse meio, ou seja,
devemos separar o joio do trigo e, via de regra, não generalizar.
Entendo
que não existe uma arte marcial superior a outra, mas entendo que existem
praticantes que se destacam como um ponto fora da curva. São esses que se
tornam ícones dentro do universo marcial que transcendem a linha temporal.
A pouco
tempo li uma obra que traz ao final de sua narrativa um comparativo entre 3 mestres de caminhos
marciais distintos e que conviveram no mesmo período tendo um deles se
relacionado com os outros dois. Na minha opinião foi desnecessário, não sendo uma
verdade absoluta, pois nitidamente a opinião do autor está eivada de tendência
para seu caminho marcial.
Meu
professor sempre instigou que tivéssemos um olhar crítico e respeitoso, acerca
do que vemos. Olhas o jardim do vizinho e veja o que de bom tem para vosso
desenvolvimento. Criar essa percepção dentro do mundo marcial nos favorece a ter
um olhar crítico e não aceitar qualquer coisa como verdade absoluta. Além disso
temos a oportunidade de criar o nosso próprio caminho marcial que será de uso
exclusivo para o nosso desenvolvimento (mas isso será tema para um próximo
texto), pois mesmo que quisesse não teria eu o condão de passar um décimo da
minha experiência para o meu filho ou aluno, pois o processo de aprendizado
deve ser efetivamente vivenciado por quem o trilha.
Nos
treinos conduzidos por minha pessoa, deixo claro para os companheiros de treino
que não tenho a pretensão de transformar ninguém em um “super-herói”. O que
pretendo, dentro de uma visão marcial, é aumentar a probabilidade de sobrevivência
em uma situação de risco para si e para os seus entes queridos (isso também
será matéria para um outro texto). Somados a isso temos a condução da formação
de um caráter marcial onde inserimos valores como respeito, resiliência, coragem,
companheirismo, confiança, disciplina, resistência, persistência dentre outros
tantos. Não menos importante temos o fator tão em voga atualmente que é a saúde.
Tudo isso regados a uma boa pitada de alegria, pois o local de treino deve ser
lugar para se ter uma
Desdenhar do outro caminho marcial é, na minha opinião, perda de tempo. Meu inimigo não é academia
do lado e sim os desvios de padrão da sociedade que são praticados por
meliantes de toda ordem cujos efeitos são nefastos para uma boa convivência e
desenvolvimento social. Óbvio que o instrutor (que não é perfeito – isso será
tratado em outro texto) e o local podem não agradar, mas caberá ao aluno encontrar
o seu local ideal.
Na
minha visão não existe a melhor arte marcial. A melhor e mais eficiente arte
marcial é a que eu pratico diligentemente e que me torna um ser humano melhor.